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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

MEDITAÇÃO PARA O ADVENTO


Evangelho de Lucas 1, 67-79
(O Canto de Zacarias)

Estamos no Advento, tempo de preparação para a vinda do Senhor Jesus, o Messias tão esperado pelo povo hebreu. A misericórdia infinita de Deus Pai não pôde se conformar com as consequências terríveis do pecado de Adão e Eva e pensou logo numa reparação. O interessante é que nosso Deus não prometeu diretamente o Messias. A aspiração ao Messias ocorreu bem mais tarde, na época do desterro do povo israelita. Como foi, então, que Deus prometeu essa reparação? A promessa se deu no momento em que Ele amaldiçoou a serpente e sua linhagem. Entrou, então, uma personagem nessa história: a Mulher. E Deus estabeleceu a animosidade entre a linhagem da serpente e a linhagem da Mulher. A Mulher que iria esmagar a cabeça da serpente. Maria, assentindo em conceber o Verbo salvador da criação, cumpriu essa tarefa.

O Advento nos prepara para esse fato assombroso, cósmico: a vinda dAquele que iria resgatar cada um de nós, cada indivíduo da humanidade em todos os tempos; que iria resgatar a criação inteira, com o universo e tudo o que foi criado por Deus Pai. O Advento nos prepara para o momento em que a cabeça da serpente vai ser, finalmente, esmagada, para o momento de nossa libertação, porque virá Alguém que irá zerar todas as nossas dívidas para com Deus, que irá assumir a grande culpa de nossos pais, por terem comido, contra a vontade de Deus, no primeiro ato de concupiscência, no primeiro ato de orgulho, o fruto da árvore do bem e do mal. Da linhagem da mulher, isto é, de sua descendência, não obstante, iria surgir o antídoto que nos libertaria das funestas sequelas hereditárias daquela desobediência que nos deu, ainda imaturos, o poder de determinar, sem o aval de Deus, o que é o bem e o que é o mal; que nos deu a desastrosa autonomia moral para decidir de próprio arbítrio o que é certo e o que é errado. E, com isso, nos fez perder Deus de vista.

Zacarias, no seu canto, profetizou essa “força” que visitou e redimiu o seu povo. Essa “força” que naquele exato momento já estava entre nós, no seio da Virgem Maria, no útero daquela jovem, cuja presença amorosa e servil ainda perfumava aquela casa. Zacarias compreendeu que estava vivendo algo extraordinário, que o filho que circuncidava naquele momento iria profetizar a profecia por excelência, aquela profecia que todos os profetas da história do seu povo desejaram ardentemente profetizar: como se pôr em condições para reconhecer a presença do Messias ansiosamente esperado por séculos.  João, seu filho, teria a incumbência de ir à frente de Deus Pai para preparar-Lhe  os caminhos que levariam o Todo Poderoso a transmitir ao povo escolhido  o conhecimento da salvação, pela remissão de seus pecados”(Lc 1,77); que O levariam a apresentar ao mundo o seu Filho muito amado, o “Astro” que vem das alturas para “iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, para guiar nossos passos no caminho da paz” (Lc 1,78-79).  João estava destinado a apontar Aquele, cujas sandálias não era digno de amarrar: Jesus.

Foi uma longa preparação, de muitos e muitos séculos. Mas Deus nos oferece a cada ano apenas quatro semanas para nos prepararmos para a vinda do Messias; para vivermos aquele momento sublime em que Maria deu à luz aquele “Astro” tão aguardado, que iria iluminar a humanidade daquele momento em diante. Estamos nos preparando para ser testemunhas daquele acontecimento que decidiu o rumo de nossas vidas pessoais, o rumo da humanidade inteira que agora tem a possibilidade de se situar na sua existência aqui neste mundo, de compreender que é fruto do imenso amor criador de Deus, de compreender que tem uma destinação que transcende a nossa condição miserável atual.

Já temos conhecimento de nossa salvação, já fomos remidos de nossos pecados. Mas o nosso resgate não fez desaparecer a condição miserável de nossas fraquezas, de nossa dubiedade, de nosso orgulho, de nossas vaidades, de nossa infidelidade, de nossas quedas, de nossa mornidão, de nosso desamor. Reconhecer em nós as manifestações desses pecados é preciso. Confessá-los é condição sem a qual não poderemos nos alegrar com a vinda do Salvador. Manter o foco na espectativa de sua chegada é a atitude interior óbvia para um cristão que quer testemunhar o nascimento de Cristo. Alegrar-se de coração puro com as consequências desse acontecimento capital é já estar totalmente comprometido com ele.

Os louvores dados a Deus por esse imenso amor saem dos nossos corações em comunhão com milhões de irmãos por esse mundo afora. Saber isso nos dá uma imensa alegria adicional, revela a grandeza de nossa Igreja, o tamanho da nossa família, a felicidade de estarmos em unidade, todos juntos debaixo do olhar amoroso do nosso único Pai celeste.

Entretanto, reconhecer isso apenas, não alegrará o Senhor, pois Ele é capaz de gerar cristãos de uma pedra. Será que damos uma túnica a quem não a tem, se tivermos duas delas? Será que damos de comer a quem tem fome? Será que nos incomoda verdadeiramente a multidão de pobres que não podem se alegrar com a chegada do Menino Jesus, porque suas necessidades básicas escondem o amor de Deus por eles? Será que nos sentimos responsáveis por essa indigência, quer porque nos omitimos ante esses problemas, quer porque escolhemos mal nossos governantes? Alegrar-se com a vinda de Jesus implica que todos, realmente todos, possam se alegrar conosco. Caso contrário, a alegria da vinda do Salvador será sentida com o travo da cruz. E não será uma alegria completa. Temos a força da salvação em nós, dada pelo Espírito Santo. Com essa força poderemos romper as injustiças originárias de nós próprios e aquelas existentes em nosso meio. Poderemos converter o mundo e completar na humanidade que nos cerca aquilo que Cristo, por limitação de tempo e espaço, não pôde fazer. Rezemos para que um dia possamos cantar, sem amarras, o cântico de Zacarias:

“Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo e suscitou-nos uma força de salvação... (Lc 1, 68-69)”

Espero que este louvor saído da boca de nós todos suba aos Céus e seja agradável a Deus. E que os braços de nossa Mãe Maria nos apertem no mesmo regaço com que sustenta Jesus Menino, pois ela não faz mais diferença entre nós e Ele, dado que já somos uma só coisa no Espírito Santo.

AMÉM?

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