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sexta-feira, 12 de outubro de 2012

...E O MUNDO NÃO SE ACABOU.


“’O mundo vai acabar às 16h desta sexta-feira (12.10)’. É isso que cerca de 120 pessoas em Teresina esperam que ocorra em pleno Dia das Crianças. Elas já se preparam para o ‘juízo final’ confinadas na casa de um suposto profeta.
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Cerca de 100 homens da polícia Militar e Civil participaram, no fim da tarde dessa quinta-feira (11.10), de uma operação para retirar 19 crianças e adolescentes que estavam morando na casa de Luiz Pereira, o suposto profeta. Durante a operação, a polícia encontrou veneno escondido em um dos cômodos da casa e o suposto profeta foi conduzido a DPCA para prestar esclarecimentos.
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Luiz Pereira, o “profeta”, anunciou que “a besta fera” iria aparecer nesta sexta-feira e iriam ser salvos os seguidores dele. Devido à suposta profecia, ele reuniu mais de cem pessoas, entre crianças, jovens, adultos e idosos. Todos estavam confinados num imóvel localizado no Parque Universitário, sem ter contato com o mundo exterior.”

Esta foi a notícia mais estranha no dia de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil. Como era de se esperar, o mundo não se acabou e o “profeta” foi preso e quase linchado pelo povo.

Está na hora de o governo começar a reavaliar o conceito de “liberdade religiosa”. Pois é em nome desse conceito que tais fenômenos aberrantes acontecem, contra os quais nenhuma medida legal é possível de ser aplicada. Sabemos de casos inconcebíveis de comunidades inteiras que se suicidaram, obedecendo às visões mirabolantes de pseudoprofetas que interpretaram as sagradas escrituras de maneira conveniente aos seus objetivos, para, em nome de Jesus, manipularem o coração e a mente das pessoas, explorando a religiosidade natural do ser humano.   

No caso de Teresina, foram encontradas substâncias venenosas escondidas, as quais, tudo leva a crer, seriam utilizadas para efetivar o fim do mundo exclusivamente para os membros daquela comunidade, caso o fato profetizado não se concretizasse. 

Na maioria das vezes, tais manipulações visam apenas o enriquecimento pessoal de seus “profetas” ou “apóstolos”, que formam verdadeiras estruturas hierárquicas, com seus “bispos” (de araque, como compreendeu a cantora Rita Lee), geralmente de formação pentecostal, verdadeiros cúmplices desse tipo de exploração, que alugam por quantias enormes tempos de televisão para difundir sua “doutrina”. No caso, as sagradas escrituras servem apenas como instrumento de convicção para alcançarem seus objetivos individuais. A figura de Jesus surge então como estratégia suprema de “marketing”, com vistas a pilhar os seus seguidores fragilizados pela confiança religiosa que depositaram nesses pregadores já muito enriquecidos pela generosidade desses fiéis. A riqueza adquirida os torna poderosos no meio político e financeiro local e, mesmo, internacional, e aqui não podemos subestimar a receptividade dos fiéis às influências culturais e políticas de nações estrangeiras de onde se originam tais “religiões”. E, enquanto o embuste não é revelado, normalmente por meio apenas de trágicas ocorrências, o estado nada pode fazer, mesmo que todas as evidências indiquem a falsidade ideológica.

Porém, mexer no conceito de liberdade religiosa é politicamente perigoso. Considerando a ideologia do poder do momento, corre-se o risco de tornar tal liberdade impraticável para qualquer religião. E o remédio para esses excessos religiosos teria efeito pior que a doença.

Há que se inquirir, primeiramente, de modo objetivo, sem preconceitos, sobre o que é religião, sua doutrina, sua origem, sua finalidade concreta, a longa tradição criada, sua influência atávica na cultura e na sua ação civilizatória no país e no mundo. Pautar o conceito de religião apenas pela convicção de seus seguidores é confiar demasiadamente no bom senso coletivo.

Infelizmente, o povo católico sempre restringiu sua religiosidade à submissão à hierarquia da Igreja e a atitudes devocionais. Não é de sua cultura, mesmo no nível mais culto da sociedade, aprofundar-se na doutrina da religião que abraça, tomar consciência do por quê é católico. E se afirmam pertencer à Igreja, viajam ainda num catolicismo meramente cultural, de cumprimento de preceitos quando muito, quase a nível da superstição. 

O público alvo dos pseudoprofetas possui, o mais das vezes, um baixo nível de escolaridade e posição social, um baixo nível de conhecimento do cristianismo apostólico, romano. Isso torna os fiéis vulneráveis a novas doutrinas e soluções religiosas. E acabam, infelizmente, por perder valores que nunca souberam que tinham. Não vou aqui apontar os motivos, pois a realidade é complexa demais para isso. Mas essa alienação religiosa teve por consequência a evasão maciça de fiéis católicos rumo ao agnosticismo, a movimentos supersticiosos, ou a outras denominações cristãs, nas quais, mesmo que de modo torto, passaram a ter algo mais que atitudes meramente devocionais.


Outros fatores levaram a isso. Por exemplo, a perda da força moral da Igreja, devido ao anticatolicismo veiculado pela mídia sustentada pelo poder econômico-financeiro que encontra na cadeira de Pedro empecilhos para a consecução de seus objetivos. 

Nós, católicos, seguidores de uma religião milenária que revolucionou, através dos séculos, a cultura e valores mundiais, devemos estar cuidadosamente atentos a certas novidades de cunho religioso, e não perder de vista a palavra do Chefe da nossa Igreja, o Santo Padre. E manter-se sempre racional na fé. Não falta quem queira “melhorar” o cristianismo, a própria Igreja, e conduzir a fé por caminhos mais adequados à opinião de seus idealizadores do que à doutrina pregada por Cristo Jesus. Não falta, até mesmo, quem manipule a religião e a mística católicas para fins não propriamente religiosos. Não podemos aventurar-nos a certas experiências espirituais, a soluções aparentemente irretocáveis, pelas quais a Igreja no futuro venha a se desculpar, envolvida que se encontra pelos problemas dolorosos do presente, e, portanto, impossibilitada de analisar com a presteza necessária as "soluções" surgidas, aparentemente válidas por causa de seus frutos, eivadas, porém, de elementos contrários à sã doutrina habilmente camuflados. Vemos na História recente da Igreja muitos exemplos dolorosos desses desvios, muitos deles já felizmente esclarecidos após anos de hesitações. Oremos pela Igreja, pelo Santo Padre, pelos leigos. Que o Espírito Santo que sempre nos assistiu não permita, como prometeu Jesus, que o mal prevaleça na Igreja de Cristo, desviando-nos da Sua verdadeira doutrina.

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